18 de junho de 2013

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #14 - Ariane

Ser amigo de casal é complicado. Você não é amigo dela ou dele, é amigos deles. Mas isso foi um pouco antes e bem depois... A história propriamente dita descarta essa variável.

E muito antes de eu sequer pensar maldade, eu conheci Ariane.

Ela foi por anos minha professora de inglês. Nesse tempo tínhamos um relacionamento estritamente profissional. Eu era aluno e ela era minha professora, nada além disso. Claro que tem aquele mal de Édipo comum entre homens mais novos e mulheres no poder. Mas isso também era impensável. Era linda, mas era minha professora comprometida.

Mas os problemas vieram quando ela ficou solteira, e eu completei a maior idade de acordo com a lei brasileira, ou seja, a gente já podia beber juntos sem nenhum problema estritamente legal.

Nas primeiras vezes que nos encontramos no extraclasse foi exclusivamente para falar do seu termino. Funcionei como um ouvido, mas ao mesmo tempo eu estava um pouco tenso. Não entendi o motivo de a minha professora gostosa me chamar pra beber...

Foi quando por alguns momentos eu pensei: Ariane quer. A veracidade dessa afirmação nunca foi posta a prova.

Mas a gente teve uma relação de amizade que nunca tive com nenhuma outra pessoa. Eu saia do trabalho na hora do almoço para encontra-la, marcávamos de nos ver entre o tempo da faculdade e o trabalho, comemos cupcakes e conversávamos sobre a vida e a falta de dinheiro. 

A falta de dinheiro. Uma constante.

Víamos-nos pelo menos 4 vezes por semana, e eu nem to considerando sexta, sábado e domingo. A quantidade de cerveja foi inacreditável.

Cerveja. Outra constante.

Alguns dias antes das festas de fim de ano, ela me chamou para ir pra praia com um casal de amigos. Aquela minha sensação estava virando realidade.

Naquela viagem realmente não saiamos um lado do outro. Foi lá que conheci seu passado nebuloso e moralmente contestável. Bebemos muito. Foi comigo que ela tomou seu primeiro shot de tequila e fumou seu primeiro baseado. No final da noite vimos o nascer do sol e eu insistia que era o pôr do sol de tão maluco que estava. Chegamos quase 6 da manhã no quartinho apertado do apartamento acordando o casal com os olhos vermelhos e a cabeça girando.

Foi uma boa viagem.

Assim eu aprendi duas coisas. Mesmo não parecendo, Ariane não queria dar pra mim. E aprendi também um pouco mais sobre ela.

Ela precisa de amigos ao seu lado, alguém para escutar e dar conselhos. Fui um instrumento em suas mãos quando ela mais precisava. Fui usado para ela não se sentir sozinha. Mas eu não tenho nenhum rancor dela, pois foram bons momentos. Eu estava sempre presente com ela, assim como ela estava comigo, precisávamos um do outro.

Tem cabelos curtos cacheados na altura do pescoço. Uma bochecha estufada. Seu estilo de se vestir um pouco hippie e regueiro revelam seus sentimentos de liberdade. Muito ativa e criativa, nunca fica parada, e por isso sua vida sempre tem incríveis novidades. Ela sabe contar uma boa historia.

Alguns meses depois de nossa primeira cerveja ela voltou com o ex-namorado. Ela me afirmava que não sentia mais nada por ele, e bravejava o quanto ela perdeu tempo e o odiava, mas no fundo mesmo eu sempre soube que ela o amava, e sentia sua falta.

Nossa relação foi muito boa. Para alguns ela estava me dando mole, para outros eu estava sendo seu objeto, mas pra mim (e acho que pra ela também) fomos amigos. Uma constante.

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